Carta aberta sobre minha humilde tentativa de defesa à vossa excelência, ministro Luís Roberto Barroso
Caro ministro do Supremo Tribunal Federal e futuro presidente da corte, Luís Roberto Barroso:
Nos últimos dias, tenho me esforçado ao máximo. Primeiro, ao ver vossa excelência em duas oportunidades afirmar:
1) Nós derrotamos o Bolsonarismo
2) Eu derrotei o Bolsonarismo
Logo, percebi que ser um defensor de um magistrado é tarefa no mínimo hercúlea.
Então, quando me deparo nesta quarta-feira com imagens do sr. no mesmo dia, horário e local em uma confraternização no hotel Tivoli, em Lisboa, com um dos donos da JBS, Joesley Batista, comecei a desacreditar no que meus próprios olhos viam.
Calculei:
Se vossa excelência, porventura, já afirmou que juramentos como “derotamos o Bolsonarismo”, no congresso da UNE, realmente não queriam dizer “que o sr. derrotou o Bolsonarismo^, também não consegui acreditar que vossa aparição ao lado de tal personalidade seria algo preocupante.
Estou certo? Espero que sim.
De fato, o sr. mesmo ratificou minhas palavras ao se reportar sobre sua ida a Portugal – inicialmente, como convidado do XI Fórum Jurídico de Lisboa – “como um encontro acidental^ com tal empresário.
Barroso divulga nota oficial
Por meio da assessoria de imprensa do STF, logo veio o retorno:
“O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, disse que não conhecia nem Joesley nem Wesley Batista, mas, “ao ser abordado no referido evento, apenas cumprimentou o empresário. Não houve conversa; apenas uma troca breve de palavras entre pessoas civilizadas”.
A explicação me parece bastante aceitável. Porém, ofereço nova ajuda neste momento difícil.
Me comprometo a dar informações sobre os irmãos Joesley em uma breve jornada rumo ao passado não tão distante assim.
Acredito que o sr. ao menos irá recordar quando Wesley e Joesley fizeram acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2017.
O STF, inclusive, homologou a delação dos irmãos, que se comprometeram a pagar uma multa de R$ 10 bilhões.
Certamente que sim. Aliás, o sr. mesmo defendeu o acordo de delação, quando o excelentíssimo ministro Gilmar Mendes combateu a decisão da PGR de investigar Joesley e Wesley em caso que envolveria o então presidente Michel Temer..
Isso ocorreu em 19 de dezembro de 2017.
“Eu gostaria de dizer que eu ouvi o áudio ‘tem que manter isso aí, viu’. Eu quero dizer que eu vi a fita, eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão. Eu li o depoimento de Youssef. Eu li o depoimento de Funaro… “Eu não acho que há uma investigação irresponsável. Há um país que se perdeu pelo caminho, naturalizou as coisas erradas, e nós temos o dever de enfrentar isso e de fazer um novo país, de ensinar as novas gerações de que vale a pena fazer honesto, sem punitivismo, sem vingadores mascarados, mas também sem achar que ricos criminosos têm imunidade”, completou.
Com essa reprodução fidedigna da fala de vossa excelência, aqui me despeço.