Voa Brasil – programa federal de passagens a R$ 200 por trecho – começará a valer a partir de agosto. “Quem não for aposentado ou servidor público deverá bancar o custo do benefício, com passagens muito mais caras”, afirma economista
A partir de 3 de agosto, o governo Lula irá colocar no ar o programa Voa Brasil, que prevê a venda de até 1.5 milhões de passagens a R$ 200 por trecho de viagem. Em uma viagem de ida e volta para Fortaleza, por exemplo, o custo total pelo benefício seria de R$ 400. Inicialmente, só poderão adquirir os bilhetes aposentados, pensionistas e servidores públicos.
Voa Brasil: as condições
Cada passageiro que se encaixar nos termos definidos pelo Ministério de Portos e Aeroportos poderá comprar até 4 trechos de uma vez. A condição para esses aposentados, pensionistas e servidores públicos é a de não ter viajado de avião 12 meses antes do período. Não há mais a condição de que a renda do passageiro seja baixa para poder comprar os bilhetes.
O Voa Brasil estará disponível em duas etapas anuais: de fevereiro a junho e de agosto até novembro e devem contar com as três principais empresas aéreas brasileiras: Latam, Gol e Azul.
A pegadinha
Segundo o economista e investidor, Rob Correa, “não existe almoço grátis” nessa nova investida do governo Lula para “ocupar 100% dos assentos” das aeronaves. “O que está por trás das cortinas? Isso é o que mais nos interessa”, aponta o especialista.
“Os empresários não vão querer diminuir suas margens de lucro. Portanto, haverá aumento de preço nas passagens para os que não se encaixarem nas exigências do Voa Brasil”, explica.
“Será como a meia entrada. Um grupo paga a inteira para que os outros paguem meia”, compara o economista, que critica a intenção do governo de ocupar, em cada viagem, 100% dos assentos.
Segundo Correa, quase nunca um avião viaja lotado para garantir espaço para clientes que não embarcaram por overbooking (lotação) ou se porventura, perderam voos de conexão.
“Se tiver passageiro que perdeu, por exemplo, uma conexão o custo vai sair do aumento das passagens aéreas”, esclarece. “Então, tudo isso vai estourar em quem não faz parte do programa e precisa viajar. Em outras palavras, os outros passageiros irão pagar mais caro”, lamenta.
“O programa Voa Brasil não visa aumento de concorrência”, afirma Rob Correa. “Se fosse assim, aconteceria mais competição e teríamos mais passageiros no mercado”, finaliza.