“Superbloco” de Lira, formado na semana passada, deve ser a principal “moeda de troca” do presidente da Câmara
No início de março, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) chegou a afirmar que o governo federal não tinha sequer “base simples” para aprovar projetos, “seja na Câmara ou no Senado”.
Pouco mais de um mês depois, Lira já mudou o discurso. Segundo o chefe da casa legislativa, o PLP(complementar) que irá substituir o teto de gastos deverá ser colocado em votação em um período de 20 dias – mesmo prazo estipulado pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP).
Em entrevista coletiva concedida após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), Lira se mostrou confiante em aprovar o PLN com uma quantia de votos acima do previsto pelo regimento, que é de 257 para este tipo de matéria.
“Temos o compromisso e um desafio grande de discutir uma reforma tributária ainda no primeiro semestre e é importante que tenhamos o arcabouço, com todas as suas condicionantes, discutidas e votadas antes da reforma tributária”, afirmou Arthur Lira.
“Se conseguirmos cumprir o prazo de 10 de maio na Câmara, eu acho que atende bem ao debate”, disse o presidente da Câmara, que afirma contar com pelo menos 308 votos para garantir a aprovação do novo arcabouço fiscal.
Superbloco: grupo de Arthur Lira se tornou o mais poderoso da casa
Na semana passada, como o Paradoxo BR mostrou, Arthur Lira anunciou a formação de um superbloco sob seu comando, contendo entre 173-175 deputados.
Somados aos 81 da base governista, já seriam 285 votos. O restante seria negociado com os 142 parlamentares que compõe o chamado “Centrão”.
Quando questionado há um mês, Arthur Lira chegou a afirmar ser quase impossível a aprovação de matérias do governo Lula.
“Teremos um tempo pra que o governo se estabilize internamente, porque hoje o governo ainda não tem uma base consistente nem na Câmara, nem no Senado para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional”, disse Arthur Lira, durante debate sobre a reforma tributária, ocorrido em março.