Relator da cassação de Deltan Dallagnol, Benedito Gonçalves, está entre os denunciados na Lava Jato por Leo Pinheiro. A delação foi homologada pelo STF somente após exclusão de Gonçalves e de José Múcio Monteiro, ministro de Lula
Em setembro de 2019, o Supremo Tribunal Federal homologou a delação do ex-presidente da empreiteira OAS, Leo Pinheiro, que já havia sido condenado em cinco ações da Lava Jato.
Na delação, Pinheiro citou o nome do atual corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, Benedito Gonçalves, que teria sido beneficiado no esquema de corrupção.
Nomeado ao STJ por Lula, Gonçalves é o mesmo relator do processo de cassação de Deltan Dallagnol, que acaba de perder seu mandato na Câmara dos Deputados.
Relator do TSE e ministro de Lula foram retirados de delação da Lava Jato. Entenda o caso
A homologação da delação de Léo Pinheiro na esfera da Lava Jato demorou cinco meses para ser concluída por Edson Fachin, relator dos processos no Supremo Tribunal Federal. A decisão de endossar os depoimentos só aconteceu após a então Procuradora-Geral da República, Rachel Dodge, retirar dos autos nomes poderosos do judiciário e do legislativo.
Além de excluir Benedito Gonçalves das oitivas, Rachel Dodge decidiu desconsiderar Rodrigo Maia (presidente da Câmara), Ticiano Dias Toffoli (irmão do ministro do STF), Humberto Martins (STF) e José Múcio Monteiro (presidente do TCU). Múcio é o atual ministro da Defesa do governo Lula.
A decisão de deletar nomes de figuras do alto escalão de Brasília gerou a saída de seis procuradores do Ministério Público Federal que alegaram “grave incompatibilidade de entendimento”.
A grande mídia deu extensiva cobertura ao evento. O colunista do Estado de S. Paulo, Fausto Macedo, destacou a exclusão de todos os nomes já citados, menos o de Benedito Gonçalves.
“O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, decidiu arquivar trechos da delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro que mencionavam o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Humberto Martins, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, e um dos irmãos do presidente do STF, ministro Dias Toffoli.
Os quatro pedidos de arquivamento foram feitos pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Segundo o Estado apurou, ela alegou ao Supremo que, nesses casos, não havia elementos suficientes para justificar a abertura de uma investigação. O acordo de colaboração premiada entre Pinheiro e o Ministério Público Federal foi homologado por Fachin na semana passada”.