A partir desta quinta-feira (28), o ministro Luís Roberto Barroso irá assumir o lugar de Rosa Weber, aposentada, na presidência do STF. Alvo de recentes pedidos de impeachment, o magistrado não se cansa de opinar sobre política, economia e outros assuntos fora da alçada do Supremo
Determinados a manter os comentários sobre política e economia – prática vedada pela Constituição – os ministros do Supremo Tribunal Federal parecem incansáveis na tentativa de interferir no Legislativo.
Após a sequência de julgamentos que invadem a prerrogativa da Câmara e Senado – incluindo o Marco Temporal Indígena – o ministro Luís Roberto Barroso (o mesmo do “Perdeu, Mané) deu o tom de como será seu mandato como presidente do STF a partir desta quinta-feira (28).
Em participação no seminário (mais um) “Liberdade de imprensa: onde estamos, para onde vamos”, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça, Barroso disse ser favorável que as Big Techs, provedoras das redes sociais, paguem a empresas de jornalismo como a Rede Globo pelos links postados nas plataformas.
“Eu sou totalmente a favor do compartilhamento de receitas entre as plataformas digitais e a imprensa tradicional pela razão singela de que as plataformas digitais não produzem uma linha de conteúdo, elas veiculam o conteúdo que é produzido pela imprensa tradicional”, opinou Barroso, como se fora um parlamentar.
O palpite de Barroso sobre a regulamentação das redes não é inédito. O ministro – famoso pela frase “nós derrotamos o Bolsonarismo” durante evento da UNE (União Nacional dos Estudantes) também já comentou sobre tributação, medicina e outros tópicos fora da alçada dos guardiões da Constituição.
“Aqui, eu pediria às pessoas classe média e alta, uma gota de empatia. Imagine a alta classe média que investe em renda fixa, em fundos de ações, em fundos de multimercado e em câmbio.. E se de repente virasse uma regra que dissesse assim: todas suas aplicações tivessem uma renda pré-determinada, abaixo da poupança, porque o Brasil precisa fazer investimentos sociais importantes. O que aconteceria se fosse editada essa norma? O mundo iria cair”.
Barroso fez política durante “palestra” na Universidade do Texas
Como o Paradoxo BR mostrou, o arsenal de interferências político-econômicas de Barroso (que não é muito diferente dos demais ministros) se estendeu a participações em eventos internacionais.
Durante keynote na Universidade do Texas, em fevereiro de 2022 (portanto, em ano eleitoral), o ministro deu sua visão sobre o governo Bolsonaro para uma plateia, onde não economizou críticas até para o então ministro da Economia, Paulo Guedes.