Em entrevista exclusiva ao Paradoxo BR, o deputado estadual Gil Diniz detalha como o Consulado da China tem atuado junto à esquerda para intimidar quem se aproxima de Taiwan
Depois de se mostrar bastante agressiva durante os quatro anos de governo Bolsonaro, a diplomacia chinesa voltou a mostrar as garras contra o Brasil. A intervenção, desta vez, teve como alvo a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
No final de outubro, logo após retornar de Taiwan, onde participou do curso “ Estudos Avançados de Relações Exteriores da República da China”, o deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) se rebelou contra uma carta de advertência enviada pelo consulado da China, que ameaçava as relações diplomáticas com o Brasil.
O texto da nota de repúdio à viagem a Taiwan dizia:
“Ou o Parlamento paulista fecha o grupo e reconhece “uma só China”, ou as relações sino-brasileiras serão prejudicadas”.
Gil Diniz não tomou conhecimento das ameaças. Além de rasgar o documento em plena Alesp, o deputado afirmou que não desistirá de manter relações com Taiwan – país constantemente ameaçado pela ditadura comunista de Xi Jinping.
Em conversa exclusiva com o Paradoxo BR, o deputado explica em detalhes o imbróglio internacional, ao ser questionado sobre eventuais intermediações provocadas pela esquerda brasileira, Gil Diniz esclarece que os ataques da China têm sido, desta vez, bastante diretos.
“Desta vez, não há intermediários”, revela. “A intervenção foi desabrida e feita sem intermediários, com o Consulado Chinês interpelando diretamente os deputados que assinaram a Frente Parlamentar São Paulo – Taiwan”, explica o deputado, se referindo ao grupo de caráter diplomático criado em 29 de setembro na Alesp, e que conta com as participações de Diniz e de mais 30 parlamentares.
Gil Diniz, entretanto, conta que as animosidades de parte do Consulado da China também já contaram com a participação direta de integrantes da esquerda brasileira.
“Houve ocasiões, como quando fomos convidados a participar da cerimônia de comemoração do aniversário da independência de Taiwan, em que o cônsul chinês utilizou o deputado petista Paulo Fiorillo – que é presidente da Comissão de Relações Internacionais da Alesp – para criar uma situação desconfortável”, recorda.
“Fiorillo ajudou circular um e-mail de autoria do consulado pela casa, advertindo os deputados a não comparecerem à cerimônia, com ameaças veladas aos que descumprissem a advertência”, revela Diniz
Gil Diniz: “Não vamos parar de denunciar as ações da China”
Em tempos de crise diplomática com nações democráticas, como no caso das declarações de Lula contra Israel, o deputado Gil Diniz lamenta que o Itamaraty não tenha intercedido a favor da Ale
(O Itamaraty) não deu uma palavra até agora. Não se pronunciou nem publicamente, nem em particular, a mim ou aos outros deputados que sofreram esta tentativa de intimidação descarada do consulado chinês”, afirma Diniz, que não irá desistir de manter as boas relações com Taiwan.
“O mais importante é não se deixar intimidar”, alerta o deputado. “Infelizmente quatro dos nossos cederam às ameaças, e retiraram suas assinaturas da Frente Parlamentar São Paulo-Taiwan. Mas os outros mais de 30 deputados que assinaram e também o Presidente da Alesp, André do Prado, a quem parabenizo e agradeço, mantiveram-se firmes e a frente continuará existindo”, promete.
“É preciso também denunciar essas ações, desafiá-las e reagir institucionalmente, reafirmando a nossa independência. Foi o que aconteceu agora. Após eu denunciar a tentativa do consulado chinês de intervir na Alesp, parlamentares de todo o Brasil manifestaram solidariedade e apoio. Entre eles, o deputado estadual Cristiano Caporezzo de Minas Gerais”, conta.
“Eles declararam que irão reproduzir a nossa Frente Parlamentar Brasil-Taiwan em seus estados. Ações como essa são muito importantes”, ratifica Diniz.