No auge da campanha de desarmamento em 2010, mortes por armas de fogo chegaram ao patamar superior a 70% do total de homicídio. Os números desmentem Lula e Flávio Dino, que culpam decretos de Bolsonaro pela criminalidade
Cerca de uma década antes dos decretos de Jair Bolsonaro, o Brasil enfrentava um de seus piores anos no quesito de assassinatos por armas de fogo. Segundo dados do Ministério da Saúde, 70% dos quase 50 mil homicídios ocorridos em 2010 foram provocados pelo uso indevido de revólveres e pistolas – atual alvo do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA).
De acordo com relatório feito no segundo mandato de Lula (PT), mais de 38 mil brasileiros perderam suas vidas em 2010 – a maioria deles, com armas portadas por criminosos.
A pesquisa envolve ainda registros de incidentes, como suicídios e acidentes no manuseio dos equipamentos. Embora a apuração destaque um número alto, o registro havia sido 4% inferior em relação a 2009.
Na ocasião, o ministro da Justiça de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Luiz Paulo Barreto, afirmou que seria preciso “tirar as armas das mãos dos civis”, sendo que a flexibilização de porte e posse de revólveres ainda era inexistente.
“Todos os dias, vemos casos de pessoas que sofrem acidentes domésticos com armas de fogo, de uma pessoa que se envolve em briga de bar e mata a outra por estar com uma arma de fogo, brigas de trânsito, brigas de vizinhos. São pessoas que não eram criminosas e passam a ser por estar com uma arma de fogo em suas mãos.”, afirmou.
Lula fez forte campanha de desarmamento mas não atacou a criminalidade
Apesar dos altos índices de assassinatos, em 2010 o governo Lula havia promovido uma forte campanha de desarmamento, De acordo com o Ministério da Justiça, a população cedeu à pressão e entregou 35 mil armas às autoridades. Essa quantia se uniu às mais de 500 mil armas já cedidas ao governo entre 2004 e 2005.
Na tentativa de culpar as armas pela criminalidade, o ministro de Lula derrapou, fortalecendo a teoria de que a maior parte dos incidentes teriam sido causados por equipamentos ilegais nas mãos de criminosos.
“A arma tem um controle desde a indústria, com numeração, código de série, vendedor, comprador”, afirmou Luiz Paulo Barreto. “No Brasil, tudo isso é rastreado. O que acontece é que, muitas vezes, a arma que o cidadão tem em casa é roubada”, completou.
Queda nos homicídios aconteceu com decretos de Bolsonaro
Como o Paradoxo BR mostrou, o número de assassinatos em 2022 foi o menor registrado no Brasil desde 2011. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados em 2022 exatos 47.508 assassinatos – número inferior aos 48.431 apurados em 2021. A queda nos homicídios ocorreu durante o auge da flexibilização do uso de armas de fogo, com destaque para o crescimento da abertura de clubes de tiro.