Luiz Philippe de Orleans e Bragança – um dos 27 parlamentares escalados para integrar o Gabinete de Fiscalização Especializada idealizado para inspecionar os ministérios do governo Lula – conversou nesta quinta-feira (13) com o Paradoxo BR sobre o futuro da CPMI dos atos de 8 de Janeiro, demonstrando “certo pessimismo”, após mais de dois meses de trabalhos para coletar assinaturas nas duas casas legislativas.
Luiz Philippe cita como agravamento da situação a formação do “superbloco de deputados” comandado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que poderá minar a instalação da CPMI, prometida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSB-MG), assim que retornar da viagem à China.
“Os partidos que se uniram com o Lira perderam muito (nas eleições) e não compõem um bloco formador de opinião”, aponta o deputado do PL, citando que o superbloco de Lira não é tão diferente do tradicional centrão, que recentemente ganhou mais adesões.
“Há pouca diferença entre os primeiros dois blocos – na verdade são plateias a serem convencidas. As narrativas são lideradas ou pela esquerda ou pela direita”, reflete.
“Como a esquerda e a direita formam opinião, eles querem montar uma agenda de trocas. Então, as assinaturas na CPMI do 8 de Janeiro fazem parte dessa agenda, que seriam trocadas com cargos em ministérios e estatais”, explica o parlamentar sobre o risco que a CPMI do 8 de janeiro corre, após quase dois meses de ter sido protocolada pelo deputado André Fernandes (PL-CE).
Luiz Philippe de Orleans e Bragança – apesar de se mostrar pessimista com a instalação da CPMI do 8 de Janeiro – supõe que o superbloco formado por Lira poderá, ao menos, impedir que o governo Lula implemente totalmente uma agenda de retrocessos para o Brasil.
“O plano deles é ruim, mas acredito que Lula não irá conseguir implementar 100% de seus projetos”, ponderou.
Luiz Philippe: “A China é o novo colonizador global”
Um dos idealizadores do Gabinete de Fiscalização Especializada, Luiz Philippe de Orleans e Bragança explicou ao Paradoxo BR como o grupo de trabalho deverá se portar nos próximos meses de governo Lula.
“Estamos todos unidos, trabalhando para focar em temas específicos. Ficarei com a defesa e outros temas que tenho me dedicado, como a pauta tributária”, afirma o deputado.
Questionado sobre a vinda do chanceler Sergei Lavrov, que pousaria no Brasil com uma carga “secreta” na próxima segunda-feira, Luiz Philippe diz estar ciente da necessidade de uma melhor apuração das autoridades.
“A Polícia Federal precisa investigar”, aponta o deputado monarquista.
“A questão russa é importante, mas a intenção de Lula é de nos tirar do bloco ocidental e nos jogar no bloco da China. O problema aqui é que a Rússia também está alinhada à China. Portanto, não há muito para onde correr”, conclui.
“A Rússia joga xadrez, mas a China está preocupada em colonizar. Está interessado em temas como a segurança alimentar, e isso é muito preocupante para o Brasil”, afirma o parlamentar.
Claudio Dirani