O juiz responsável pelos processos ligados à Operação Lava Jato, Eduardo Appio, enviou uma notícia-crime contra os parlamentares Sérgio Moro (União-PR) e Deltan Dallagnol (Podemos-PR). Eles foram acusados de terem cometido extorsão contra o advogado Rodrigo Tacla Duran, quando atuavam como juiz federal e procurador do Ministério Público Federal, respectivamente.
“Diante da notícia-crime de extorsão, em tese, pelo interrogado, envolvendo parlamentares com prerrogativa de foro, ou seja, deputado Deltan Dallagnol e o senador Sergio Moro, encerro a presente audiência, para evitar futuro impedimento, sendo certa a competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal”, apontou Appio após a audiência.
Rodrigo Tecla Duran foi considerado réu por lavagem de dinheiro a serviço da empreiteira Odebrecht. Na ocasião, Sérgio Moro era o juiz da 13ª vara federal de Curitiba e decretou prisão preventiva do advogado. A decisão foi revogada por Appio, ao assumir os casos da Lava Jato em fevereiro. Até então, Rodrigo Tecla Duran – que mora na Espanha – era considerado foragido da justiça.
Contatado, o senador Sérgio Moro declarou que “lamenta o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade”.
Já o deputado federal Deltan Dallagnol afirmou que o depoimento de Tacla é “uma história requentada pela terceira vez sem novidade e que já foi investigada pelo MPF e PGR, que a descartaram totalmente”.
Juiz tira foco do caso PCC contra Sérgio Moro
A notícia-crime enviada ao STF tira, de certa forma, o foco do caso recente envolvendo o PCC e Sérgio Moro. Na semana passada, como o Paradoxo BR mostrou, a Polícia Federal dissolveu a ação de criminosos do Primeiro Comando da Capital, que pretendia sequestrar o senador e sua família. As investigações seguiam em sigilo desde setembro de 2022 e envolveram diversas autoridades, além da PF.
O juiz Eduardo Appio – como nossa reportagem mostrou – usava a senha LUL22 para acessar o sistema e contribuiu com a campanha eleitoral de Lula em 2022.