Brics investe em fake news. A ex-presidente deposta pelo Congresso Nacional, Dilma Rousseff (PT-MG), tomou posse nesta semana no New Development Bank – o banco de fomento do Brics. A instituição – que representa os países de economia emergente Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul já incluiu em seu site oficial a biografia da petista, que se destaca por uma série de omissões.
No primeiro parágrafo do texto, o NDB informa detalhes sobre a carreira política de Dilma, incluindo sua atuação como ministra das Minas e Energia no governo Lula.
“A economista Dilma Rousseff foi eleita Presidente da República Federativa do Brasil por dois mandatos consecutivos. Anteriormente, nos dois primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil, cargo que ocupou até 2010. Nesse período, presidiu o Conselho de Administração da Petrobras, a maior e mais importante empresa”.
Sobre a passagem pela estatal petrolífera, o banco do Brics omite a compra da refinaria de Pasadena, concluída quando Dilma era presidente do conselho administrativo da Petrobras.
Em delação premiada, o ex-diretor da companhia, Nestor Cerveró, chegou a depor em delação premiada que Dilma “sabia das irregularidades” sobre a aquisição da refinaria no Texas em 2006 por US$ 1.2 bilhão. Na ocasião, o relator da Lava Jato era o ministro Teori Zavascki (STF), morto em 2017 vítima de acidente aéreo. Ele seria substituído na relatoria pelo ministro Edson Fachin.
Em 2019, após negociações na gestão de Michel Temer, Pasadena foi revendida ao grupo Chevron por US$ 467 milhões. Mesmo com a venda do ativo, o prejuízo gerado para o governo brasileiro e acionistas da estatal ficou em torno de US$ 1 bilhão.
Dois anos mais tarde, o Tribunal de Contas da União (TCU) absolveria Dilma das acusações, condenando somente o próprio delator, Nestor Cerveró, juntamente com o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, além do ex-diretor Paulo Roberto Costa.
Fake news: site elogia Dilma pela geração de empregos e ‘esquece’ impeachment
Além de não mencionar os problemas econômicos e jurídicos enfrentados nos dois mandatos de Dilma Rousseff, o site do NDB não comenta nenhum detalhe sobre o processo de impeachment sofrido no Congresso, e referendado pelo Supremo Tribunal.
“Como presidente do Brasil, Dilma Rousseff concentrou sua agenda em garantir a estabilidade econômica do país e a geração de empregos. Além disso, durante seu governo, o combate à pobreza foi priorizado e os programas sociais iniciados na gestão do presidente Lula da Silva foram ampliados e reconhecidos internacionalmente. Como resultado de um dos mais amplos processos de redução da pobreza da história do país, o Brasil foi retirado do Mapa da Fome da ONU”, afirma o site.
Além da omissão de fatos sobre a queda da petista – referendada pelo STF em agosto de 2016 – , o New Development Bank optou por não constranger sua nova gestora. No lugar dos fatos, o banco selecionou uma série de fake news para sua biografia.
Em 2015, último ano completo do segundo mandato de Dilma, o Brasil registrou perdas de 1,5 milhão de vagas, pior desempenho nacional em 24 anos. O produto interno bruto também sofreu perdas recordes na gestão de Dilma Rousseff, atingindo o pior nível em 127 anos, sendo o 3ª mais fraco da história da República.