Especialista em finanças e ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, aponta Selic alta e cenário nos EUA como motivo de queda do dólar frente ao real
O economista e ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, explicou ao site Paradoxo BR os motivos de o dólar ter perdido valor frente ao real nos últimos dias. Segundo Guimarães, há uma série de riscos, principalmente aos interessados em apostar na moeda norte-americana como uma forma de investimento.
“Ter dólares, em papel-moeda, assim como ouro e criptoativos, não rende juros”, aponta Guimarães.
“Desta forma o dólar, assim como criptomoedas, têm um componente de substituição à aplicações em reais, e funciona em momentos de grande volatilidade, normalmente em crises de confiança”, observa o especialista em finanças e comandante da Caixa durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Ao ser questionado o motivo da recente queda do dólar, apesar das incertezas geradas pelo arcabouço fiscal e reforma tributária do governo Lula, Pedro Guimarães cita que o fenômeno é gerado pelo cenário externo e atuação do Banco Central.
“Como os juros Selic estão muito elevados (13,75% ao ano), o custo de oportunidade é muito elevado”, explica. “Ou seja, estes ativos alternativos têm que ter valorização relevante pois não têm correção por juros, como CDB, LCIs e LCAs”, descreve o ex-comandante da Caixa, destacando investimentos em títulos de bancos, imobiliários e de agronegócio, respectivamente
“Por sua vez, a taxa de juros nos EUA está no patamar de 5% ao ano, e as inflações do Brasil e dos Estados Unidos estão próximas. Deste modo, a diferença entre a nossa taxa de juros real e a deles é da ordem de 8%. A consequência deste grande diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos (mais de 8% ao ano), é um grande fluxo de investimentos de curto prazo para o Brasil. Que vem em momentos de relativa calma, como agora”, conclui.
Especialista alerta sobre investimentos em moedas estrangeiras
O ex-presidente da Caixa Econômica Federal acrescenta que existe uma preocupação atual sobre investimentos de ativos no exterior, incluindo em moedas estrangeiras.
“Me preocupa bastante investimentos em ativos no exterior e em moeda estrangeira. Pois não sei até que ponto as pessoas têm conhecimento dos riscos associados”, pondera.
“Por exemplo, o Real teve valorização de 7% frente ao Dólar, nos últimos 20 dias. Além disto, quem tinha dinheiro investido em CDBs ou LCIs ganhou quase 1% neste intervalo. Logo, a perda efetiva de quem tem dólar chega a quase 8% nestes 20 dias”, conclui.