IBGE corre risco de perder a credibilidade, segundo ex-funcionária do BNDES na era FHC que votou em Lula no segundo turno. Ex-presidente do Instituto Lula e Ipea também sofreu oposição de Fernando Haddad
A indicação de Márcio Pochmann para assumir o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) têm recebido duras críticas dos próprios eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Elena Landau – que assumiu a preferência pelo petista no segundo turno das eleições de 2022 – disse inclusive que a escolha do ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) seria “um dia de luto para a estatística brasileira”.
Segundo a ex-diretora do BNDES na gestão de Fernando Henrique Cardoso, Pochmann “sequer entende de estatística”.
“Uma pessoa que não entende de estatística, não tem preparo para a presidência do IBGE e não tem nada a ver com a linha da equipe econômica do Ministério do Planejamento. É uma posição partidária pura e absoluta.”, afirmou Elena Landau à Folha de S. Paulo.
A economista ainda acrescentou que a escolha de Márcio Pochmann pode ser um desastre, se ele repetir a gestão marcada por intervenções no Ipea.
“Ele demitiu técnicos da maior qualidade, interferia nas pesquisas, por uma razão puramente ideológica. Quem garante que ele não vai fazer isso no IBGE? Pode acontecer aqui a mesma coisa que aconteceu com o Indec na Argentina, que perdeu a credibilidade”, completou Landau.
IBGE terá no comando um ex-presidente do Instituto Lula
Gaúcho de Venâncio Aires, o economista Márcio Pochmann tem 61 anos e comandou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre 2007 e 2012, cobrindo parte dos governos Lula II e Dilma I. Pochmann também foi presidente do Instituto Lula, e apesar da proximidade com os petistas, o economista chegou a sofrer oposição do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Márcio Pochmann ainda foi crítico pesado da implementação do PIX pelo Banco Central: “Com o Pix, o Banco Central concede mais um passo na via neocolonial à qual o Brasil já se encontra ao continuar seguindo o receituário neoliberal. Na sequência, vem a abertura financeira escancarada com o real digital e a sua conversibilidade ao dólar. Condição perfeita ao protetorado dos EUA”, declarou Pochmann em outubro de 2020.