Em discurso realizado em Londres e sem a cobertura da imprensa, Alexandre de Moraes comparou o armazenamento de dados das redes sociais com “depósitos de drogas”
Apesar da ausência da imprensa no evento, partes dos discursos de palestrantes convidados pelo Grupo Voto para o 1º Fórum Jurídico – Brasil de Ideias realizado nesta semana, no hotel The Peninsula, em Londres, foram divulgadas nesta sexta-feira (26) pela Folha de S. Paulo.
Em sua palestra, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, defendeu uma punição mais severa às big techs, comparando a atual gestão das redes sociais a um “depósito de cocaína”.
“As big techs dizem exatamente isso: que elas são grandes depósitos. Não há nenhum problema. Se você tem um depósito na vida real, você aluga o depósito e a pessoa que alugou faz de lá um laboratório de cocaína, você não tem responsabilidade por isso, você não sabia. Agora, se você descobre e faz um aditamento no contrato para ganhar 10% da venda da cocaína, no mundo real você tem que ser responsabilizado. Disso, ninguém discorda”, pontuou.
“No mundo virtual, se você simplesmente é um depositário de artigos, vídeos, você não pode ser responsabilizado. Agora, se você monetiza isso, se você coloca os seus algoritmos para direcionar com prioridade essas notícias, aí você está igual à pessoa que está ganhando 10% da cocaína”, comparou.
Brasileiros protestam contra Moraes em Londres
Fora das dependências do The Peninsula, um grupo de aproximadamente 20 brasileiros protestou contra a participação dos ministros do Supremo Tribunal Federal no evento que tinha como premissa “discutir aprimoramentos do processo eleitoral”.
Munidos com cartazes e megafones, os manifestantes chamaram os magistrados de “defensores da ditadura” e pediram liberdade de expressão.
“Nós não queremos uma ditadura, nós queremos liberdade de expressão e queremos um país pacificado. Essas pessoas (os ministros) não querem uma democracia. Eles querem um governo ditatorial. Eles dizem que vieram a Londres para discutir democracia, mas eles não querem democracia. Eles querem um governo autoritário”, clamou um dos manifestantes.