Dino se contradiz na CCJ. Em sua participação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA) negou ter recebido qualquer comunicado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertando sobre a invasão nas sedes dos três poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. A afirmação provou ser contraditória, segundo postagem do próprio Dino ocorrida na mesma data dos acontecimentos.
“Inventaram que eu recebi um informe da Abin, que é tão secreto que ninguém nunca leu, nem eu mesmo. Por quê? Por uma razão objetiva: eu jamais o recebi”, afirmou Dino.
“Tiveram ainda as versões fantasiosas que eu estava no ministério olhando. Não, eu não estava no ministério olhando”, ratificou.
A reação do ministro aconteceu após a deputada Caroline de Toni (PL-SC) afirmar que uma reportagem publicada pela imprensa teria afirmado que o ministro havia sido alertado sobre os ataques.
“Quero saber se o senhor já processou a Folha de S. Paulo por fake news?”, perguntou a deputada.
“Li aqui a matéria e a Folha não afirma que eu recebi o informe. Então não posso processar a Folha. Eu sei ler”, respondeu Dino.
Dino usou o Twitter no dia 8 de janeiro
Apesar da negativa para as acusações, é fato que Flávio Dino (ou algum membro de sua assessoria) postou às 15h43 do dia 8 de janeiro em sua conta oficial do Twitter que o ministro observava os acontecimentos diretamente de sua sala no Ministério da Justiça.
Essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer. O Governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços. E as forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) January 8, 2023
“Essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer. O Governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços. E as forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça.”, tuitou o ministro em 8 de janeiro.
Em 17 de janeiro, o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) denunciou o ministro Flávio Dino à Procuradoria Geral da República por prevaricação.
No documento protocolado na PGR, o Sanderson questiona a atitude inerte de Dino, apesar do aviso da Agência Brasileira de Investigação (Abin) sobre o risco iminente de ataques públicos feito no dia 7 de janeiro.
“Por que o ministro da Justiça, mesmo sendo chefe da PF e da PRF, não acionou essas forças policiais federais? Queria ele o caos na Praça dos 03 Poderes? As investigações dirão!”, declarou Sanderson.