Deputado do PSOL disse que indicação de Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal seria como transformar o Brasil na “república do escárnio”
“...Por tudo isso, sua indicação ao STF é um escândalo. Só encontra justificativa como parte da anunciada operação para estancar a sangria. Sua aprovação pelo Senado será um largo passo para transformar o Brasil de vez na República do escárnio”.
A frase acima não é de nenhum deputado de direita ou centro-direita. Muito menos de um político bolsonarista.
A declaração foi feita por Guilherme Boulos em 2017, à época da indicação do agora ministro Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal.
Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, o hoje deputado federal pelo PSOL pontuou, segundo o mesmo, os problemas encontrados na ‘capivara” do magistrado.
Em sua coluna para a Folha de S. Paulo, Guilherme Boulos traçou uma linha do tempo da carreira de Alexandre de Moraes, sem esquecer de suas funções ao lado de Gilberto Kassab e Geraldo Alckmin – hoje vice de Lula.
“Julguemos Alexandre de Moraes por sua trajetória na vida política”, alertou Boulos. “Isso basta para compreender o disparate que é sua escolha para ministro do STF.
Entre 2006 e 2009, período que inclui sua atuação como “supersecretário” na gestão Kassab e membro do Conselho Nacional de Justiça, Moraes teve uma incrível ascensão patrimonial, mostrada em detalhes numa recente matéria do site “BuzzFeed”.
Adquiriu oito imóveis, sendo dois deles em regiões luxuosas da capital paulista, por um valor cartorial de R$ 4,5 milhões. Segundo a reportagem, mesmo este elevado valor de face está bem abaixo do preço de mercado”, frisou Boulos
Deputado acusou Moraes de desrespeitar os indígenas
O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) disse também que a gestão de Moraes como Ministro da Justiça “colocou em risco a sobrevivência de “povos originários”, contrariando o atual posicionamento de Moraes sobre o tema.
“Na atual crise penitenciária mostrou toda sua incompetência. Negou ajuda ao Estado de Roraima, para em seguida, após algumas mortes, voltar atrás. Levou o Conselho Nacional de Política Penitenciária a uma inédita renúncia coletiva, após intervenção autoritária no órgão”, destacou.
“E, nas últimas semanas, selou sua gestão com uma portaria que altera as regras para demarcação de terras indígenas, o que pode colocar em risco conquistas históricas dos povos originários”, escreveu Boulos.