Deputada apresenta provas que ONG revende cogumelos Yanomami por meio de lojas varejistas. Prática tem causado fome aos indígenas
A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as ações de ONGs na Amazônia pode não ter recebido até agora os mesmos holofotes da CPI do MST e CPMI do 8 de Janeiro.
Contudo, os trabalhos que acontecem no Senado Federal, mas não têm sido amplamente divulgados, já apresentaram informações de grande valia para entender o processo de exploração de riquezas e maus tratos aos povos originários – tão reclamados pelo governo Lula e partidos aliados de esquerda.
A deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) – que participa das audiências públicas da CPI das ONGs – é uma das parlamentares que mais tem escancarado os abusos cometidos pelas chamadas organizações não governamentais na Região Norte.
Waiãpi, que se diz defensora do Marco Temporal, denunciou a atuação de uma ONG – a Hutukara Associação Yanomami – que comercializa cogumelos produzidos em reservas brasileiras para grandes varejistas, como o Magazine Luiza.
A prática, segundo a deputada, tem causado o aumento da miséria e fome das tribos Yanomami. No final de 2022, o recém-eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) denunciou o governo Bolsonaro, por más práticas aos nativos da região.
“Um indígena Yahomami denunciou aqui, que uma dessas iguarias que eles colhem no meio do mato, quando não tem caça e quando não tem pesca, seria o cogumelo sanumar”, explicou a deputada.
“Então, fizenos a compra do cogumelo pela internet e ele chegou via correio. Isso significa que um Yanomami que se alimenta dessas raízes, ele ficou sem comer. Sabe porque muitos deles estão destruídos, é porque esse cogumelo é proteico. Então, eles procuram na mata, e não encontram porque o cogumelo está sendo vendido”, explicou.
Confira a fala completa da deputada na CPI
ONG que vende cogumelos Yanomami tenta se justificar
Embora justifique as vendas com notas fiscais e outros atributos jurídicos, a ONG Hutukara Associação Yanomami basicamente confessa que usa os cogumelos que deveriam compor a dieta dos indígenas.
A associação também destacou que os valores arrecadados são “revertidos para os indígenas”, que decidem como utilizar os recursos.
Já o Magazine Luiza, revendedora do produto, apontou somente que o Cogumelo Desidratado Yanomami é comerciado via marketplace, via fornecimento legal da ONG.
Além da Magazine Luiza, o cogumelo também é revendido por inúmeros sites, incluindo o serviço por app Rappi.
Confira quem financia o projeto da Hutukara Associação Yanomami