Deputada Bia Kicis conversou com Paradoxo BR sobre as próximas ações da oposição em relação à divulgação das “comprometedoras” imagens do 8 de Janeiro
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) afirmou nesta quarta-feira à reportagem do Paradoxo BR que a oposição já convocou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, para depor sobre as imagens que revelam sua presença no momento de invasão dos vândalos no Palácio do Planalto em 8 de janeiro.
Kicis – que na gestão de Bolsonaro chegou a presidir a Comissão de Constituição e Justiça – disse que ela e os demais parlamentares opositores “irão tomar todas providências necessárias” para apurar os registros internos divulgados nesta quarta-feira pela CNN, após a emissora ter acesso a 160 horas de gravações, provavelmente vazados por alguma fonte junte ao governo.
Na opinião da parlamentar, os trechos onde Gonçalves Dias aparece supostamente tranquilo conversando com os vândalos no terceiro andar da sede do governo federal “são altamente comprometedoras”.
“O ministro do GSI já foi chamado a depor, e nós também iremos chama-lo para dar explicações na CFF”, explicou Kicis. A parlamentar do PL é a presidente da Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara desde março.
Conforme o Paradoxo BR mostrou, os registros do sistema de segurança do Palácio do Planalto revelaram que o ministro do GSI abriu portas, conversou com os depredadores e ainda foi gravado próximo a outro membro do Gabinete de Segurança Institucional, que cedeu água para indivíduos que ocuparam o terceiro andar da sede do poder Executivo.
O outro lado
Uma hora após a divulgação do material pela CNN, a assessoria do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República tentou explicar as imagens que revelaram a presença do ministro Gonçalves Dias.
A respeito de reportagem veiculada no dia de hoje, sobre os ataques do 8 de janeiro, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) esclarece que as imagens mostram a atuação dos agentes de segurança que foi, em um primeiro momento, no sentido de evacuar os quarto e terceiro pisos do Palácio do Planalto, concentrando os manifestantes no segundo andar, onde, após aguardar o reforço do pelotão de choque da PM/DF, foi possível realizar a prisão dos mesmos“, justificou a assessoria do GSI.
“Quanto às afirmações de que agentes do GSI teriam colaborado com os invasores do Palácio do Planalto, informa-se que as condutas de agentes públicos do GSI envolvidos estão sendo apuradas em sede de sindicância investigativa instaurada no âmbito deste Ministério e se condutas irregulares forem comprovadas, os respectivos autores serão responsabilizados.
Cabe ainda ressaltar que as imagens de câmeras de segurança do Palácio do Planalto, gravadas no dia 8 de janeiro, fazem parte de Inquérito Policial instaurado no âmbito do STF, e o GSI não autorizou ou liberou qualquer imagem que não fosse destinada aos órgãos investigativos responsáveis, tendo em vista a proteção do sigilo do inquérito, previsto no art. 20 do Código de Processo Penal,” concluiu o comunicado oficial.
Deputada Bia Kicis: “Fiquei revoltada”
A deputada Bia Kicis também comentou ao Paradoxo BR sobre a citação de seu nome no voto proferido pelo ministro Alexandre de Moraes na terça-feira (18) no julgamento das denúncias apresentadas pela PGR sobre o 8 de Janeiro.
“Quando vi que meu nome estava na lista, fiquei revoltada”, desabafou Kicis.
“Porém, mais tarde, quando conversei com meus advogados, eles explicaram que eu e os demais deputados citados no voto do relator não fomos considerados réus. O Alexandre de Moraes vinculou meu nome ao (já antigo) inquérito das Fake News”, esclarece a deputada pelo Distrito Federal.
Como mostrado na reportagem de ontem do Paradoxo BR, o relator do processo que julga a invasão das sedes dos três poderes, em Brasília, destacou nomes de diversos deputados da oposição. Na lista de Moraes aparecem – além de Bia Kicis (PL-DF) – Otoni de Paula (MDB), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP), Luiz Philippe de Orleans e Bragança, Filipe Barros (PL-PR), André Fernandes (PL-CE), além dos senadores Girão (Novo) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ).