Debate socrático: Sócrates acreditava que o diálogo crítico era essencial para descobrir a verdade, diferente dos sofistas. O objetivo principal é buscar a verdade, explorar diferentes pontos de vista e aprimorar o pensamento crítico, sem a intenção de persuadir ou convencer os outros. O debate busca desafiar ideias, analisar premissas e examinar suposições para alcançar uma compreensão mais profunda do assunto. Com esta premissa, Steh Papaiano e Fernando Holiday abordam os recentes acontecimentos sobre o governo Tarcísio
A tradicional parada LGBT + da Avenida Paulista terminou no final da tarde de domingo (11) com clima de quarta-feira de cinzas para os apoiadores do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).
Eleito com voto basicamente conservador, o ex-ministro de Bolsonaro reforçou seu apoio a pautas progressivas, na tentativa de seduzir um eleitorado com base ideológica oposta, em sua maioria.
“A gente está hoje no dia que foi dedicado ao combate ao preconceito à população LGBTQIA+. Essas paradas são importantes, pois despertam a consciência para que a gente tenha uma sociedade cada vez mais tolerante”, afirmou o governador no último dia 17 de maio, durante lançamento do programa destinado ao público LGBT+.
Debate: Verba cultural para a causa LGBT+ gera “ruído” entre conservadores
Logo após o evento na capital paulista, a notícia recuperada pela mídia da liberação da verba de R$ 750 mil por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria Estadual da Cultura, para financiar ações para o público LGBT+ causou questionamentos em sua base mais fiel.
Outro tema polêmico foi o da eventual cessão do palacete Joaquim Franco de Mello, que deve ser transformado em um centro de cultura para a causa.
A liberação da verba – assim como a cessão do tradicional imóvel na Avenida Paulista – teve sua origem na legislatura anterior à posse do governador em janeiro de 2023.
Antes de ser sancionada em 17 de maio deste ano, a lei de diretrizes orçamentárias (LDO), com a previsão dos gastos, passou por votação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo durante a administração João Doria/Rodrigo Garcia.
Já o palacete, avaliado em cerca de R$ 200 milhões, foi uma ideia resgatada da era “Geraldo Alckmin”, em 2014. Seu sucessor, João Doria, pretendia transformar o local de 2.000 m² de área no Museu de Gastronomia de São Paulo.
A liberação dos recursos foi defendida publicamente pelo vereador Fernando Holiday (Republicanos), do mesmo partido governador.
“A verba de pouco mais de 700 mil reais já estava prevista no orçamento que foi votado final do ano passado, antes de Tarcísio ser governador”, escreveu Holiday no Twitter.
“Se o governo ignorasse a Parada provavelmente seria obrigado a destinar a verba por meio de ação judicial e o governador certamente seria alvo de inquérito do MP por “institucionalização da homofobia” ou qualquer outra invencionice”, conjecturou o vereador.
Algumas considerações são importantes sobre o suposto “patrocínio” que @tarcisiogdf teria dado a Parada Gay:
1. A verba de pouco mais de 700 mil reais já estava prevista no orçamento que foi votado final do ano passado, antes de Tarcísio ser governador.
2. Descumprir, alterar…
— Fernando Holiday (@FernandoHoliday) June 11, 2023
Debate aberto: o outro lado
A analista de política e especialista em direito, Steh Papaiano, resgatou um ângulo diferente do imbróglio que envolve o casarão da Paulista. Pelo Twitter, Papaiano lembrou que o ex-deputado estadual conservador Douglas Garcia (homossexual assumido) trabalha desde 2019 para que o imóvel não seja cedido para promoção de causas ideológicas.
Papaiano também reforça que, ao contrário da afirmação do vereador Fernando Holiday, nem o orçamento liberado pela Secretaria de Tarcísio nem a liberação do palacete da Paulista estavam previsto no LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2023.
Em um fio iniciado em julho de 2021 no Twitter, Garcia destaca seu esforço iniciado havia dois anos, mas que agora parece ter sido revertido de vez.
“Fui pedir ao Governo para que não ceda o espaço à agenda da militância LGBT, graças a Deus à pressão que fiz nos bastidores deu resultado! Mesmo assim, o nosso projeto sequer pode ser apresentado ao secretário, uma vez que ele tem preconceito para com os conservadores!”, alertou Douglas Garcia, se referindo a Sérgio Sá Leitão.
Fui pedir ao Governo para que não ceda o espaço à agenda da militância LGBT, graças a Deus à pressão que fiz nos bastidores deu resultado! Mesmo assim, o nosso projeto sequer pode ser apresentado ao secretário, uma vez que ele tem preconceito para com os conservadores! pic.twitter.com/WO86bJ6yuo
— Douglas Garcia (@DouglasGarcia) July 22, 2021