Após fonte que já atuou no governo da China revelar o tamanho da crise na construção civil, analistas destacam que os problemas do mercado imobiliário poderão afetar a venda de ferro para o gigante asiático
Os efeitos da crise imobiliária da China – que já perdura desde a pandemia – parecem ser mais graves do que o governo tem divulgado. A informação vem direto de uma fonte que já atuou sob comando de Xi Jinping, o ex-funcionário do Departamento de Estatísticas da China, He Kang.
Segundo o técnico aposentado, a situação crítica das construtoras China Evergrande Group e Country Garden Holdings teria causado o abandono do equivalente a 648 milhões de metros quadrados em obras de condom
Em entrevista à Reuters, He Kang ressaltou que a quantidade de construções paralisadas poderiam abrigar mais de 1,5 bilhão de pessoas, o equivalente à população chinesa.
China em crise: os efeitos no Brasil
Segundo dados ainda não confirmados (a China não preza pelas transparência), as dívidas da Country Garden Holdings estariam próximas de R$ 1 bilhão. A falta de fluxo de caixa, além dos débitos com fornecedores, fez com que muitos imóveis já quitados pelos clientes não fossem entregues.
Na opinião do economista Eduardo Cavendish, se o governo chinês não conseguir abrandar os problemas que têm crescido de forma bastante célere, o país deve cortar as importações de ferro do Brasil, o que pode comprometer sensivelmente nossa balança comercial. Somente no ano passado, o país vendeu US$ 35 bilhões de ferro aos chineses.
“O governo tem tentado amenizar a crise na construção civil, e como o Brasil exporta grande parte do minério de ferro para os chineses, o país deverá sentir efeitos imediatos nos embarques dessa commodity”, destaca Cavendish. “O problema é que não existe transparência na divulgação dos dados econômicos, completa”.