Cúpula do Brics foi marcada pelo ingresso da poderosa ditadura do Irã. Xi Jinping saiu do encontro como o maior vencedor, ao reforçar o bloco para enfrentar os Estados Unidos na guerra geopolítica
O ditador Xi Jinping saiu como o maior vencedor da reunião de Cúpula do Brics, que terminou nesta quinta-feira (24) na cidade de Johanesburgo, na África do Sul. Além de encabeçar o bloco com brasileiros, indianos, sul-africanos e russos, o líder patrocinado pelo Partido Comunista Chinês conseguiu ampliar a organização que contará agora com um dos maiores rivais geopolíticos dos Estados Unidos e do G7: a não menos perigosa ditadura teocrática do Irã.
O “Clube dos Ditadores”, como o Brics tem sido chamado, também abriu vagas para Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes – três países onde não há estados democráticos. Outras duas nações compõem o renovado bloco dos emergentes: a falida Argentina e o terceiro país africano da liga, a Etiópia.
Brics pode ainda ter Cuba e Venezuela
Apesar de não terem sido aprovados, mais países com regimes ditatoriais ainda não desistiram de ingressar na nova versão do Brics. Entre os candidatos que não passaram na primeira fase do teste de Xi Jinping estão os regimes autoritários – e amigos de Lula – Cuba e Venezuela, além de Belarus, Bahrein e Kuwait.
Em um trecho de seu discurso, o ditador chinês afirmou que irá colaborar com os membros do novo Brics com dados de satélites “de sensoriamento remoto”. Em virtude da falta de transparência na China, não se sabe, contudo, se esse trabalho tem um cunho de espionagem velado.
“Exploraremos o estabelecimento de satélites de sensoriamento remoto por meio de uma plataforma de cooperação para fornecer apoio de dados para os setores agrícola, de conservação ambiental e de redução de desastres naturais. A China também trabalhará com outras partes para estabelecer o marco do Brics para a cooperação industrial e o desenvolvimento sustentável”, prometeu.