Caso Choquei: Após revelação sobre os supostos “cabeças” de uma rede especializada em cancelamento de perfis na internet, investigação do Paradoxo BR resgata ação coordenada de sites contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2022
Em 25 de outubro de 2022 – portanto, menos de uma semana antes do segundo turno das eleições – o jornal Metrópoles revelava que a equipe de comunicação do então presidente Jair Bolsonaro (PL) havia identificado uma “estranha” movimentação na internet contra sua candidatura à permanência como chefe do executivo.
Na reportagem, “fontes” teriam apontado que perfis do Instagram articulavam ataques simultâneos contra Bolsonaro para favorecer nas urnas seu adversário, o recém-libertado pelo STF, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Assim publicou o Metrópoles em 25/10/2022:
“Durante uma reunião, tida como emergencial, ao longo desta semana que antecede o primeiro turno das eleições, a assessoria do candidato do Partido Liberal (PL) identificou que estas páginas adotam uma forma de trabalho: postar a mesma manchete, no mesmo dia, e praticamente no mesmo horário, sobre Jair Bolsonaro e/ou sua família”.
Passada de forma quase despercebida pela opinião pública em 2022, a prática exercida pelo chamado “gabinete do ódio” no interminável Inquérito das Fake News voltou à tona – e com força total – no caso que envolve o Choquei – site especializado em fofocas, investigado pela Polícia Civil no caso da morte da jovem Jéssica Vitória Canedo.
A novidade mais significativa em relação ao esquema especializado em destruir reputações foi promovida pelo especialista em marketing digital Daniel Penin. No documentário “Lacrando Vidas”, Penin mostra, com provas, como a agência Mynd8 – antes responsável pelo gerenciamento do site Choquei – seria a verdadeira cabeça por trás de uma rede composta por mais de 400 influenciadores especializados em cancelar perfis na internet.
Documentário revela agentes por trás do Choquei
Com quase 1.5 milhão de visualizações desde segunda-feira (1), o mini documentário produzido por Daniel Penin traça uma rota a partir da declaração de Whindersson Nunes, em que o humorista afirma que os ataques à sua reputação – e de Jéssica Canedo – teriam sido guiadas por alguém “no topo da pirâmide”, minimizando ataques ao site Choquei.
A investigação levou o publicitário a chegar aos nomes de Preta Gil, Fátima Pissarra e Carlos Scappini, os cabeças da Mynd8. Utilizando a ferramenta Wayback Machine, Daniel Penin também conseguiu recuperar informações preciosas, após a própria Mynd8 deletar de sua carta de clientes alguns dos perfis que publicaram fake news que envolveram Whindersson e Jessica Canedo. Entre eles, o do chamado Garoto do Blog, que teria começado os ataques nas redes sociais.
Esses ataques, por sua vez, seguiam o padrão detectado por Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2022, quando uma postagem era copiada e reproduzida por centenas de perfis de forma simultânea.
Em resposta à acusação de ser a mentora dos ataques às reputações de Whindersson e Jessica, a Mynd8 disse “que a Choquei não faz parte de seu casting e que “não participa em nenhum momento do conteúdo editorial de nenhum perfil”.
A informação, contudo, é apenas meia-verdade. No documentário “Lacrando Vidas”, é possível ver o avatar do Choquei na Banca Digital da Mynd8. O contrato entre as partes, segundo o publicitário, teria sido terminado em janeiro, após uma série de fake news publicadas pelo site de fofocas