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Campos Neto: “O governo fala em mudar a meta da inflação e essa meta pode ser mais alta”

Inflação

Campos Neto ainda destacou que combater à inflação é uma “missão social”

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou de uma audiência no Senado Federal nesta terça-feira (25), onde foi convocado a dar explicações sobre os motivos de a taxa de juros Selic “estar tão alta” (13,75% ao ano), como constantemente tem reclamado o governo federal, além de setores que dependem de crédito a longo prazo.

Ao longo de seu depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), transmitido ao vivo pela TV Senado, Campos Neto abordou as medidas tomadas pelo BC durante a pandemia, o crescimento de crédito agrícola para produtores de médio e pequeno porto, além do trabalho do Banco Central para o controle inflacionário.

Perguntado pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) sobre um possível conflito de interesses das instituições financeiras que contribuem com o Boletim Focus, Campos Neto afirmou que o Banco Central não houve bancos, mas outros participantes do mercado financeiro – inclusive pesquisas sobre a expectativa de consumidores sobre a inflação.

“Nós olhamos a inflação corrente, quais são os aspectos que chamam a atenção e podem ver a inflação futura. Vemos também a capacidade de a economia crescer, e a expectativa de inflação”, pontuou Campos Neto. “Não é só (o ponto de vista) do Focus. São as nossas projeções e as projeções do mercado. Quando vemos as expectativas nos índices da Fundação Getúlio Vargas, as expectativas de inflação dos consumidores são até mais altas do que a Focus, porque eles sentem os custos no dia-a-dia”, explicou o presidente do BC.

Já a senadora Tereza Cristina (Progressistas-MS) – e ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Bolsonaro – questionou Campos Neto sobre as consequências de se baixar os juros “na canetada”, além do trabalho do BC em apoio aos agricultores de pequeno e médio porte.

“Para definirmos (a taxa de juros), nós tentamos entender por que o mercado tem um entendimento diferente do nosso”, apontou Campos Neto.
“Parte da expectativa (sobre os juros) está mais alta, porque ouvimos o governo (Lula) falar em mudar a meta de inflação – e essa meda pode ser mais alta. Digo que a missão de combater a inflação é uma missão social”, ressaltou.
“Sobre o crédito agrícola. Nós fizemos uma governança. Antes, as cooperativas captavam dinheiro através do bancos. Agora pode ser feito diretamente no mercado, com custos mais baixos e menos burocracia. Durante a pandemia, pegamos os recursos e enviamos mais para o médio e pequeno produtor agrícola, para que (o crédito fosse “mais democrático”, destacou.

Campos Neto: “O BC quer cair os juros. Mas agora não é o momento”

Roberto Campos Neto ainda esclareceu sobre as medidas do Banco Central para conter a inflação, iniciadas durante a pandemia. Ele também explicou que a Selic, mantida em 13,75% desde agosto, foi responsável direta por segurar a disparada dos preços.

“O BC quer cair os juros. O BC gosta de trabalhar com os juros baixos, gosta de ter a economia crescendo de forma sustentada, com inflação baixa. Houve períodos no passado com juros reais altos, e o resto (do mundo), com juros baixos, mas não é o que está acontecendo agora”, pontuou.
“Se não tivéssemos (controlado), a inflação ia contaminar e subir bastante. O BC atuou de forma autônoma. A inflação atualmente se encontra em 5,8%, mas poderia ter chegado a 10% no ano passado, explicou o presidente do Banco Central.

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