BC x Governo, um novo duelo à vista. A disputa pela taxa básica de juros da economia brasileira deve continuar nos próximos meses entre Lula e seus aliados e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Isso porque, em virtude da tendência de alta inflacionária, o dirigente – que conta com autonomia desde a gestão de Jair Bolsonaro – já adiantou que o controle da inflação deve inibir a possibilidade de se baixar a Selic em curto prazo.
“A inflação caiu, mas as pressões permanecem. O componente de demanda da inflação no Brasil é relativamente forte”, alertou Campos Neto, durante evento realizado pela consultora XP na capital dos EUA, Washington D.C.
“Expectativas de inflação de longo prazo estavam ancoradas em 2022, mas desde novembro iniciou um processo de deterioração”, completou o presidente do BC, destacando que a tendência de queda da inflação aconteceu entre agosto e novembro do ano passado, mas voltou a apontar alta após a tendência do governo Lula de não colocar limite nos gastos públicos.
BC x governo Lula: Campos Neto já cobrou responsabilidade fiscal
Como o Paradoxo BR mostrou, em declaração recente, o presidente do Banco Central, cobrou indiretamente o governo Lula para que haja um “controle maior de gastos”, como uma condição para que os juros pudessem ser diminuídos sem gerar efeitos negativos à economia.
“O Banco Central vai trabalhar para a inflação ir à meta com o mínimo de custo para a sociedade”, afirmou o comandante do Banco Central durante encontro do Grupo Esfera.
“O custo de combater a inflação é alto no curto prazo, mas não combater (a inflação) tem custo mais alto”, disse Campos Neto. “Nenhum banco central quer ter juros altos, claro que queremos juros baixos”, ressaltou.
“Precisamos dar explicações, e não ficar apontando o dedo”, afirmou Campos Neto. “A taxa é alta, precisamos trabalhar para baixar”, cobrou o presidente do BC.