Argentina em grave crise: falta de gasolina pode levar ao cancelamento de exportações de petróleo
Além do desabastecimento de alimentos e hiperinflação, os argentinos têm convivido nas últimas semanas com o fantasma do esgotamento de combustíveis. Para colocar alguns litros de gasolina nos tanques de seus veículos, motoristas têm passado horas nas filas dos postos, que tentam atender à demanda com uma espécie de “controle de cotas” do produto.
A pouco mais de duas semanas do segundo turno das eleições presidenciais, o ministro da Economia e candidato governista, Sergio Massa, optou por uma saída nada convencional para tentar resolver o imbróglio: ameaçou as petroleiras de cancelar as exportações, caso navios-tanque não desembarcassem com combustíveis para suprir a demanda interna.
“Se à meia-noite de terça-feira o abastecimento de combustíveis não for resolvido, a partir de quarta não vai poder mandar um barco para exportação”, declarou Massa.
“O petróleo argentino é para os argentinos. Vou defender o abastecimento interno, vou defender o consumo dos argentinos”, prometeu o peronista.
Argentina tinha planos de expandir exportações de petróleo
Desde o final de semana, navios carregados de gasolina e diesel não podem atender os postos por falta de dólares no caixa do governo de Alberto Fernández. A alta demanda e a escassez fez com que o dólar oficial se aproximasse dos 350 pesos. Já o dólar blue – como é chamada a moeda norte-americana no câmbio extraoficial, chegou a 1010 pesos por unidade.
Sem encontrar uma saída imediata, o corte das exportações tem provado ser a próxima medida de Sergio Massa para o que país não entre em colapso energético e atinja até mesmo o setor de saúde.
Em abril deste ano, antes do agravamento da crise do setor, a estatal YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales) planejava elevar sua produção diária de petróleo até 2024 em 452 mil barris. Para isso, o governo de Alberto Fernández especulava investir até US$ 7 bilhões no projeto.