A família, o conservadorismo – e a vida de meu pai – têm muito mais a ver com o futuro do Brasil do que a política
Meu pai – meu xará – viveu seus quase 77 anos para sua família. Ele não recebeu nenhuma homenagem, ao menos por enquanto, do mercado publicitário por seus feitos. Ele foi um dos maiores produtores gráficos do Brasil enquanto atuou em agências como Thompson, CBBA e Fischer America. Esta última, por sinal, foi onde ele acabou sendo demitido pelo especialista em demissões, Roberto Justus.
Posso garantir que essa foi a pior demissão que o empresário já fez em sua história de empreendedor e apresentador – mas são coisas da vida profissional.
Antes de seu progresso como publicitário, o primeiro trabalho de meu pai foi como office boy aos 12 anos e ele escalou, sem curso universitário, até chegar à chefia de seu departamento por puro e exclusivo mérito e talento.
Eu, pelo contrário, tenho galgado pela carreira jornalística há mais de 26 anos, depois de ter completado o curso superior. Não estudei e nem me formei com recursos do pagador de impostos. Foi meu pai quem pagou tudo, (Queria ter feito um décimo por ele) centavo por centavo – e acredito que o dinheiro que sai diretamente da conta do cidadão, é a melhor forma de valorizar uma conquista. Os impostos não são direcionados como deveriam ser.
O assunto desse texto tem pouco a ver com jornalismo ou publicidade, mas com a família.
A família é a base de qualquer atividade humana há mais de 3 mil anos. Jesus Cristo tinha sua família e a respeitou até o último instante, mesmo sabendo da responsabilidade que tinha com as demais famílias do mundo.
“Meu pai era um homem de família e eu comecei a ler a Bíblia por sua causa”
Não por acaso, meu pai adorava falar da Bíblia, em especial o Novo Testamento e o Sermão da Montanha, descrito no evangelho de Mateus.
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus; bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”; (…)
“Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens”. (.,.)
“Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens”. (…)
Alguns trechos do discurso mais belo de todos os tempos descrevem muito bem como meu pai viveu. Ele ajudou a muitos que conheci e a uma imensa parte que jamais conhecerei. Ele economizou muito, mas suas economias foram direcionadas a ajudar seus filhos, parentes, amigos e pessoas que precisavam muito mais do que ele.
Meu pai era um homem da publicidade, mas era uma pessoa discreta. Ele gostava de viajar – e viajamos muito, inclusive para fora do país. Mas ele nunca foi de guardar nada ou colecionar coisas de grande valor.
Seu grande tesouro era a família. Ele nunca priorizou nada além disso, e até o seu último minuto de vida já nas primeiras horas de 13 de setembro de 2023 ele se preocupou com os cuidados que eu e minha irmã, Renata, deveríamos ter com a minha mãe, Lauriceia.
Diferente da publicidade, onde ele atuou, ele prezou pela discrição e eficiência, além de todo o carinho.
O objetivo dessa coluna é falar sobre política e suas consequências para a família. Não existe família sem as bases do conservadorismo. Portanto, meu pai foi um dos mais conservadores de todos os tempos, sem dúvida.
Eu parei apenas para cuidar de seu velório, mas retomei o trabalho no dia seguinte. Meu diretor, Gabriel Viaccava, não precisou falar nada. Recebi todo o suporte necessário para viver meu luto.
Só fiz isso porque pensei no seu exemplo. Ele jamais gostaria de me atrapalhar, seguindo sua própria conduta de trabalho. Mesmo doente, ele nunca parou e completou mais de 53 anos de carreira, seguindo quase o tempo de seu casamento que completou 54 anos no dia de seu falecimento.
Por mais pais como ele, que sustentam as bases cristãs e conservadoras de uma nação, e pela volta ao comando de alguém que tenha valores semelhantes a ele.
Claudio Olivio Dias Dirani
(23-11-1946 * 13-9-2023)